Quando a ansiedade vira transtorno: conheça os sintomas

Antes de rotular a ansiedade como nova arqui-inimiga da saúde mental, é preciso compreender que ela serve também de aliada para o indivíduo, como quaisquer outras emoções que resultam da adaptação da espécie ao processo evolutivo. Apesar dos efeitos desagradáveis e perturbadores que causa quando fica excessiva, quando passa a ser chamada de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), trata-se de uma sensação fundamental à sobrevivência humana, ao antecipar ameaças potenciais ou situações nocivas e preparar o organismo para enfrentá-las.

É absolutamente comum apresentar quadros de nervosismo, medo e tensão em níveis acima do normal diante de viagens, entrevistas de emprego, encontros amorosos, provas de concurso, exames médicos ou até mesmo disputas esportivas. Desde que seja um estado pontual e passageiro, não há motivo para temer. Entretanto, quando esses sinais se tornam cada vez mais frequentes, intensos e duradouros, a ponto de interferir na rotina diária da pessoa, é hora de ligar o alerta (veja a lista abaixo).

No momento em que a ansiedade rompe tais limites, é bastante provável que ela já tenha virado ou esteja bem perto de se tornar transtorno. Longos períodos sob tensão exacerbada, preocupação excessiva sem razão concreta, certeza permanente de que algo muito ruim vai acontecer e total incapacidade de relaxar por dias a fio indicam, com clareza, o fim da normalidade e o começo de um problema grave de saúde como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).

Sinais para ter atenção:

  • Longos períodos sob tensão exacerbada;
  • Preocupação excessiva sem razão concreta;
  • Certeza permanente de que algo muito ruim vai acontecer;
  • Total incapacidade de relaxar por dias a fio.

Segundo a classificação mais atual, há três tipos de males decorrentes da ansiedade. Um deles é o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), caracterizado por irritação extrema, desconexão com a realidade, perda da capacidade de concentração e cansaço recorrente. O outro é a Síndrome do Pânico, quadro de alta severidade que surge repentinamente e provoca a sensação de morte iminente, no geral, acompanhado de efeitos físicos, como taquicardia, falta de ar, sudorese e indícios similares a quem sofre um princípio de infarto ou AVC (derrame).

As fobias integram o terceiro tipo de transtorno de ansiedade. Em síntese, reúnem uma série de medos de forte intensidade, com capacidade de paralisar quem adquire o distúrbio. Altura, ambientes abertos ou fechados, locais escuros, animais, insetos, determinados objetos e pessoas são exemplos comuns de fobia. 

Prestar atenção aos sinais da mente e do resto do corpo, buscar auxílio especializado o mais rápido possível e seguir a orientação de psiquiatras e psicólogos podem evitar crises agudas e danos irreparáveis nas esferas pessoal, social e profissional, além de garantir o sucesso do tratamento e a retomada do controle sobre a própria vida.

Brasil lidera o ranking global de ansiedade

Se fosse possível reunir todos os brasileiros com algum tipo de transtorno de ansiedade, daria para ocupar a Bahia inteira e ainda sobraria gente para preencher estados do porte de Alagoas ou do Mato Grosso. Embora a comparação numérica possa parecer exagero, ela é comprovada pelo balanço mais recente da OMS. De acordo com a entidade, o Brasil lidera o ranking global de ansiedade, problema que afeta hoje cerca de 19 milhões de pessoas no país e é, junto à depressão, um dos males da saúde mental de maior prevalência no mundo.

O avanço gradual de distúrbios dessa natureza, identificado em sucessivos estudos nos campos da Psiquiatria e da Psicologia, entrou para o centro das atenções de pesquisadores especializados em transtornos mentais. Sobretudo, ao longo da pandemia do novo coronavírus, decretada em março de 2020. Desde então, foi registrado um salto de 25% no total de casos de ansiedade e depressão, revelou um levantamento publicado pela OMS, em 2022.

Neste mesmo ano, um estudo realizado pela Universidade de Oxford – e publicado na revista The Lancet Psychiatry – afirmou que 34% dos pacientes recuperados da covid-19 foram diagnosticados com problemas psiquiátricos ou neurológicos. Entre os principais transtornos mentais, estavam a ansiedade, a depressão e o estresse pós-traumático.

A ansiedade está no topo dos temas mais procurados sobre saúde mental, e grande parte da crescente atenção se deve à visibilidade dada pela mídia e pela comunidade científica. Tanto para ampliar o acesso a informações corretas e produzidas por fontes de credibilidade, quanto para derrubar tabus. Especialmente o de que pessoas bem-sucedidas na carreira profissional e na vida pessoal não são vulneráveis às crises de ansiedade e depressão. 

Pelo contrário: independente da classe social e do contexto que rodeia cada indivíduo, qualquer um pode ser afetado sem distinções. Basta ver a enorme relação de celebridades que expuseram publicamente os problemas. Entre os quais, artistas e personalidades de fama consolidada como Anitta, Juliana Paes, Lucas Lucco, Giovanna Antonelli, Fiuk, Marcelo Serrado, Alok, Cléo Pires, Wanessa Camargo e Padre Fábio de Mello, só para citar os nomes do Brasil. Em comum, além da popularidade, todos tiveram a coragem de falar sobre a própria saúde mental e de procurar ajuda.